Nesta terça-feira (14/3), a Câmara Municipal de Duas Estradas recebeu líderes da Igreja católica, representantes de Pastorais e movimentos e a comunidade para divulgar e debater a Campanha da Fraternidade 2023. A solenidade foi proposta pelo vereador presidente da Casa, Júnior Oscar.
O tema deste ano é “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”. É a terceira vez que a Campanha da Fraternidade trata sobre o enfrentamento da fome e é escolhida pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) como tema. Segundo a entidade, o objetivo é fomentar ações, em todos os níveis, para minimizar os impactos desta realidade na vida do povo brasileiro.
Durante a Sessão, o administrador da Área Pastoral Sagrado Coração de Jesus, Padre José Lucas usou a Tribuna para apresentar o tema da Campanha da Fraternidade e falou a respeito da sua importância, mencionando trechos do texto base. A partir de dados apresentados, lamentou o fato de o Brasil ser destaque mundialmente na produção de alimentos, mas ter um alto número de habitantes vivendo com insegurança alimentar. No Brasil os dados apontam que, mais de 33 milhões de pessoas não têm garantido o que comer. De acordo com estudos, mais da metade da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave. “Mais da metade da população convive com a insegurança alimentar. “58% da população do Brasil, não sabe o que vai comer, não tem a garantia da alimentação. É estarrecedor! Os dados são assustadores! Como é que nós chegamos a isso novamente? Isso, nós já tínhamos superado. Tudo isso por consequências. Vários fatores fizeram o Brasil, cair nessa miséria que nós estamos hoje, a pobreza extrema”, pontuou Padre Lucas.
Para o Padre Antônio Dias, que esteve colaborando com a reflexão sobre o tema, falou que o combate à fome vai muito além de somente rezar. “Fome e vida, fé e vida, não se contrapõem. Ou eu sou comprometido com a causa do Evangelho, ou eu não sou comprometido na causa do Evangelho. Três pilares nos acompanham durante o período quaresmal: oração, jejum e caridade. Bento XVI escreveu um documento chamado “Deus caritas est” – Deus é caridade. O nome de Deus é “Caritas”, é amor. Porém, o tempo da quaresma precisa ser vivido à luz desse tripé. A oração sem jejum e sem a caridade: fracasso. O jejum sem a oração e a caridade: fracasso. Caridade sem oração e jejum: fracasso”, afirmou.
Durante a Sessão houve a preocupação por parte do Padre José Lucas em dar um gesto concreto. Este ano, como o tema da fome ganha ênfase e tendo em vista um trabalho já desenvolvido, a proposta colocada em comum foi a implementação da doação de pães, somando-se ao projeto do sopão, desenvolvido pela Igreja Católica para atender famílias em vulnerabilidade.
Sobre a Campanha
Criada em 1962, na arquidiocese de Natal, a semente da Campanha da Fraternidade teve seu início no nordeste brasileiro, tornando-se nacional em 1964 e desde então, a Igreja do Brasil promove durante o período da quaresma a Campanha da Fraternidade anualmente. Para muitos cristãos, a quaresma é um tempo marcado pelo chamado à conversão: mudança de vida (mentalidade, sentimento, atitude), volta ao Senhor, adesão ao seu Evangelho e aproximação com a espiritualidade, mas essa conversão é movida tanto pela compaixão, quanto pela busca por transformação social.
A Igreja do Brasil, exercendo sua doutrina social, promove anualmente, a Campanha da Fraternidade que em cada edição trata de problemas sociais graves e que precisam de destaque e atenção evidenciadas durante o período, exigindo profundas mudanças (emergenciais e estruturais) e que comprometem todas as pessoas e instituições da sociedade.
A Campanha da Fraternidade tem como objetivo permanente despertar a solidariedade no povo brasileiro em relação a um problema concreto que envolve toda a sociedade, buscando caminhos de solução. Pela terceira vez a Campanha da Fraternidade trata do problema da fome, chamando atenção para um dos pecados mais graves de nossa sociedade e convidando o conjunto da sociedade a se empenharem na superação dessa injustiça e desse crime que é um verdadeiro pecado que clama ao Céu: “Repartir o pão” (1975); “Pão para quem tem fome” (1985); “Dai lhes vós mesmos de comer” (2023).